domingo, 18 de novembro de 2012

O gosto da carne bovina



De uns tempos pra cá, venho notado um gosto estranho na carne bovina, não se trata do estado de conservação e frescor da mesma, mas um gosto forte, semelhante à bife de fígado, que simplesmente não sentia antes. Como chefe de cozinha, me senti na obrigação de sair à busca de uma explicação que me satisfizesse e que explicasse de uma vez por todas de onde vinha aquele gosto. Depois de pesquisar e conversar com alguns veterinários a respeito do tema, concluí que o tal gosto é decorrente da alimentação do gado, mais especificamente devido a inclusão do caroço de algodão na  sua ração, em substituição ao farelo de soja por ser mais barato.

Isso se dá principalmente no período de confinamento, quando os pastos estão se recuperando no período de estiagem. De qualquer forma, acredito que independentemente do período, o gado acaba ingerindo o tal caroço de algodão em alguns períodos do ano e isso certamente acaba alterando o sabor da carne.
Ao conversar com um amigo meu veterinário, o mesmo me disse que as carnes destinadas à exportação não têm esse gosto, pois os mercados europeu e americano não aceitam carnes com o referido gosto e portanto as devolvem, caso sejam provenientes de gado cuja dieta contenha caroço de algodão.

O engraçado é que não é todo mundo que percebe o tal gosto forte na carne. Às vezes pergunto a alguns amigos se eles sentem o gosto na carne e muitos dizem que nada percebem. Talvez por isso ainda não haja uma diminuição no consumo de carne bovina.
Bom resumindo a ópera, pra garantir é melhor usar carne argentina e uruguaia pois a nossa, apesar de já ter sido boa, hoje já não é mais aquela.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sancho bar y Tapas - Disparado o melhor bar espanhol de SP

 No número 1415 da Rua Augusta fica o melhor bar de tapas da cidade de São Paulo. O caras (3 sócios espanhóis) criaram um bar autêntico com Jamones pendurados en la barra, sangrias e uma infinidade de tapas maravilhosos. Estive lá pelo menos umas cinco vezes, tendo sempre saído satisfeito. Dos tapas que me lembro de ter experimentado posso incluir os de presunto ibérico, camarão, bacalhau, salmão, tomate, rabada, filé, tortilla e cozido madrileño (sopa de grão de bico com páprica) todos extremamente bem feitos e deliciosos.
 Além dos tapas, a cozinha prepara os pratos típicos españóis (paellas, fideuas, arrozes com frutos do mar etc) porém esses ainda não experimentei.
O pico dá de 10 X 0 no Venga, bar com a mesma proposta na Vila Madalena, mas que não chega aos pés do Sancho.
Vale a pena dar uma chegada.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

É bacalhau mesmo????

Se te perguntarem o que é bacalhau, o que você responderia?
Ué! Bacalhau é um tipo de peixe, assim como salmão, atum, sardinha, robalo, badejo etc etc.....Certo? ERRADO! Bacalhau não é um tipo de peixe, bacalhau é um método de cura e conservação de peixe através da adição de sal. Portanto, não existe nenhum peixe chamado bacalhau, o que existe são peixes utilizados pra fazer bacalhau. Entendeu?
Agora façamos uma reflexão: se fazem bacalhau com vários tipos de peixe, devem existir bacalhaus melhores e bacalhaus piores, certo? CERTO.



Então como fazemos pra saber quais são os bacalhaus bons e ruins?
Seguinte: os melhores bacalhaus são de dois tipos, o Mohua e o Macrocéfalus, um do Atlântico Norte (Noruega e Canadá) e outro do Pacífico Norte (Alaska), respectivamente. Ambos são chamados "Bacalhau do Porto" porém o Mohua (Atlântico) possui carne um pouco mais amarelada enquanto que o Macrocéfalus (Pacífico) possui uma carne mais branca. Ambos são bastante bons, mas o Mohua é considerado por todos superior. Sendo assim, apenas ele é chamado BACALHAU DO PORTO IMPERIAL ao passo que o Macrocéfalus é chamado apenas de Bacalhau do Porto.
Existem mais quatro peixes que são encontrados no mercado, porém com sabor e textura bem inferiores aos descritos anteriormente. São eles o Pallock, Saithe, Ling e Zarbo. Normalmente, esses quatro peixes são utilizados pra fazer bolinhos ou pratos que demandem o peixe desfiado, pois sua textura e sabor não costumam agradar tanto.
No Brasil, na Região Norte utiliza-se o Pirarucu chamado bacalhau da Amazônia, que é devidamente salgado e utilizado em um dos pratos mais emblemáticos da cozinha Amazonense chamado "PIRARUCU DE CASACA". Trata-se de Pirarucu seco frito com banana pacovã frita- que é uma banana gigantesca muito comum em Manaus - e farinha do Uarini torrada com leite de côco. É um prato extremamente saboroso que eu tive a oportunidade de preparar várias vezes enquanto estive morando em Manaus, tendo inclusive - modéstia a parte - recebido elogios de muitos críticos gastronômicos locais.
Mas.....voltando ao nosso bacalhau tradicional, agora vocês já sabem: BACALHAU NÃO É PEIXE E BACALHAU BOM, SÓ SE FOR DO PORTO.

sábado, 13 de outubro de 2012

Tasca da Esquina - Portuga nota 10

Restaurante português irretocável que abriu, aliás já faz algum tempo, na Al. Itu, 225 (entre 9 de julho e Pamplona). As panelas são comandadas pelo chefe Vitor Sobral, um dos grandes expoentes da cozinha portuguesa atual. O curriculum do cara da até preguiça de ler, tamanha a quantidade de cursos, consultorias e trabalhos importantes ele realizou. Seu trabalho é conhecido pelo fato dele se manter fiel às raízes portuguesas através da utilização de ingredientes da "Terra de Camões", porém com uma roupagem moderna e atual. Seria como uma cozinha portuguesa "revisitada", feita com muita sabedoria e critério.
Estive lá há mais ou menos um mês com meu pai, por ocasião da "Restaurant Week", que diga-se de passagem, na maioria das vezes é uma roubada. Porém no caso do Tasca da Esquina tivemos uma grata surpresa. Eram duas opções de entrada, duas opções de prato principal e duas de sobremesa.
Combinamos de cada um escolher uma para que pudessemos provar de tudo.
Entradas (mousse de camarão com vinagrete de manga e terrine de porco com Chutney de abacaxi) - as duas uma delícia.
Pratos principais (Bitoque - contra file com ovo poche e batata frita e bacalhau a Braz) Carne ao ponto com um molho maravilhoso - um pouquinho salgado demais - mas que mesmo assim estava ótimo, acompanhado por batatas fritas de verdade servidas em bastões - não aqulelas congeladas, com gosto de isopor. Bacalhau muito saboroso, molhadinho, servido com batatas fritas em formato de escamas, muito bom também.

 Sobremesa (Farofias, que nada mais eram do que ovos nevados e mousse de chocolate com frutas vermelhas) As tais farofias estavam muito boas embora tivessem muita canela,  que esconde um pouco o sabor dos demais ingredientes e a mousse irreprensível.


A decoração é de extremo bom gosto e o serviço bastante atencioso.
Pode ir lá que eu garanto!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

de volta à ativa

Após um ano e meio o nosso blog pista quente está de volta. Atendedo a pedidos estamos novamente escrevendo sobre dicas e curiosidades da "cena gastronômica". Durante este período de ausência estive estudando e no último mês de julho me tornei MBA em Gestão de Gastronomia, o que certamente servirá para enriquecer ainda mais esta nossa coluna, que prometo, terá pelo menos três publicações semanais.
Pra começar, ou melhor recomeçar, gostaria de indicar o restaurante de um amigo meu - Max (esse cara aí da foto) - que acaba de inaugurar na Peixoto Gomide, 1658. O restaurante leva o nome dele, Max Abdo Bistro (descendo a Peixoto, um pouquinho antes de chegar na Lorena do lado direito - duas casass antes do posto de gasolina). Funciona de segunda a sexta na hora do almoço e de terça a quinta no jantar. Trata-se de um restaurante onde o cardápio muda diariamente, sendo que no almoço o cliente tem direito a couvert, entrada, prato principal (4 opções) e sobremesa (2 opções), por R$ 49,00; A noite rola um menu degustação com 5 etapas, por R$ 98,00. Vale a pena dar uma chegada pra conferir. É realmente muito bom.
 
 
 

sábado, 12 de março de 2011

tartare de salmão com abacate

Agora que o carnaval já passou e o Brasil voltou a funcionar, o Pista Quente também volta a ativa. Desculpem pela ausência.
Esse prato aí da foto, eu fiz pra um programa de televisão lá de Manaus e modéstia a parte ficou bem bom. Trata-se de um tartare de salmão com abacate. Os tartare´s são pratos elaborados basicamente com alguma proteína picada crua (carne ou peixe, pois frango cru não rola) e algum elemento aglutinador que serve pra dar liga e fazer com que o mesmo não "desabe". Este ingrediente obrigatoriamente tem que ser gorduroso de forma que possa fazer com que os demais ingredientes se mantenham unidos. O tartare clássico é feito com carne bovina, geralmente patinho que é uma carne sem gorduras e tecidos conjuntivos, e utiliza gema de ovo como agente de ligação. Em alguns lugares o pessoal põe maionese no lugar da gema com medo da salmonela. Eu sinceramente vou de gema mesmo. Existem milhares de varições, me lembro que quando trabalhei no D.O.M. no garde manger (pista fria), preparava dois tartares, um de atum com foie gras e outro de tomate com arroz selvagem e camarão. Ambos muito gostosos. Bom, então aí vai a receita do dito cujo:
Ingredientes
100 G de salmão fresco
100 G de salmão defumado
1 abacate (avocado) aquele pequeno, se não pode se o grande mesmo
1/4 de cebola bem picada de preferência roxa
azeite
limão
sal
pimenta do reino
dill
salsinha

Preparo
Picar finamente o salmão fresco o defumado, a cebola, o abacate e as ervas. Se o abacate for o pequenininho, usa-se todo, se for o grande acho que um pouco menos da metade é suficiente. Temperar apenas na hora de servir pois caso contrário, o limão irá "cozinhar" o peixe. Montar no centro de um prato com o auxílio de um aro. Servir imediatemente acompanhado de fatias de pão preto torrado.

O tartare clássico vem guarnecido por batata frita, eu adoro. Este de salmão também combina bem com batata frita. Aliás, salmão cru, cozido, grelhado ou assado tem tudo a ver com batata frita, então fica ao gosto do freguês, pão preto ou batata frita ou os dois, por que não?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Pita Kebab, bem gostoso




Hoje fui jantar com o meu querido primo Fabinho Lorenzi no Pita Kebab bar. O lugar é bem simplesinho mas tem um astral legal, o serviço fica por conta de uma moçada bonita e simpática e a comida é uma delícia. Comi um kebab de cordeiro que veio molhadinho com um pouco de tahine e um molho de pimenta bastante aromático. O Binho pediu um kebab de falafel - já que ele é vegetariano e não come nem carne vermelha, nem frango e nem peixe. Segundo ele, estava um espetáculo. A única coisa que me incomodou um pouco foi o fato de ter visto uma moça enrolando o kebab com as mãos sem nenhum tipo de proteção. Quando você tem contato manual com um alimento que não vai mais passar por cocção, esse tipo de cuidado "cai como uma luva". Pegou, pegou?!?!  Vale a visita. Rua Francisco Leitão, 282.